Verifica-se que, nos últimos tempos, tem emergido uma nova casta de activistas políticos no Marco. Aplaude-se. Sobretudo porque mostra que há uma maior vontade de intervenção e, também, porque sou daqueles que pensam que quem vem atrás pode fazer melhor do que os que por cá andam.
O que já não se aplaude tanto é a sobranceria que algumas pessoas que emergem na política local denotam. Em alguns casos será, apenas, uma questão de voluntarismo em excesso, de rebeldia própria da idade e de alguma inexperiência de posicionamento no espaço público. Nada de grave.
Mais grave é quando a classe que emerge já não é assim tão jovem, esteve hibernada durante muitos anos e, mesmo assim, traz na barriga toda a sabedoria do mundo, fala como se os que cá já andavam nas lutas nunca tivessem existido e fossem uma espécie de aldeões ignorantes.
Não sei por onde andaram tais sábios corajosos quando as lutas eram a doer, não há ainda muito tempo. Muitos deles, era vê-los em fuga, quando alguém que queria abalar o sistema se aproximava. Conviviam alegremente com a ordem vigente, dobravam as costas reverentes ao poder instalado, ansiavam por uma partilha do que havia.
Talvez sintam que é, agora, a hora deles. Pretensão legítima, certamente. Temo, porém, que, na maior parte dos casos, ficarão pelo caminho. E fico a pensar no que será se, por exemplo, as próximas eleições ditarem o regresso de Ferreira Torres. Nesse caso, não deixarei de esboçar um sorriso quando os vir regressar às suas tocas. De costas curvadas. Mais reverentes do que nunca.