Nas últimas "directas" para a liderança do PSD, votei em Pedro Passos Coelho, como oportunamente referi. Sabia que era uma candidatura perdedora, mas era a única em que podia votar: não me revia em Manuela Ferreira Leite e achava a candidatura de Santana Lopes pouco oportuna. Aparentemente, tudo se conjugava para que, agora, apostasse novamente em PPC. Mas não: o meu voto, amanhã, vai directa e convictamente para José Pedro Aguiar Branco.
Sei que PPC é o provável vencedor desta eleição. Mas, como é sabido, nestas coisas da política costumo colocar as convicções acima do resto. E, aqui, a convicção é a de que JPAB é o candidato que mais garantias dá de uma boa liderança para o PSD.
Conheço Aguiar Branco desde finais da década de 80, eu jornalista de política no "Semanário" e ele actor político no Porto. Falavamos praticamente todas as semanas. Com Rui Rio e Agostinho Branquinho, formava o núcleo duro da oposição a Luís Filipe Menezes, então líder da Distrital do PSD/Porto. Como fonte de informação, JPAB mostrou sempre uma seriedade inatacável, mesmo quando a realidade o prejudicava. Qualquer jornalista sabia que informação que viesse de si era da máxima confiança.
Mais tarde, já fora do jornalismo, perdi o contacto regular com JPAB, até porque não sou habitual frequentador dos fóruns do PSD. E apesar de, em meados da década de 90, ter tido uma ligação com Luís Filipe Menezes, enquanto seu assessor jurídico na secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares, nunca a minha boa relação com JPAB foi beliscada. Mutuamente cordiais, sempre que nos encontrávamos.
Advogado reputado, JPAB tem uma carreira profissional sólida. Conhece a realidade do país, porque lida com ela diariamente. Ao contrário de muitos outros políticos, não precisa da política para sobreviver. Nem construiu a sua carreira à sombra da política. Nem tem conhecimentos que lhe advêm apenas dos livros - tem, também, um saber feito de experiência.
Apesar de ser um dirigente bem visto pelas bases, Aguiar Branco não tem vocação para ceder ao populismo fácil. Apesar de ser respeitado intelectualmente, nunca Aguiar Branco será um líder que se confunde com aquele "baronato" do PSD que se acha predestinado para dirigir um país. Na minha opinião, de todos os candidatos, José Pedro Aguiar Branco é "o mais PSD" de todos, porque é aquele que melhor faz a sínteses entre o "baronato" e as bases. Além de que tem essa enorme vantagem de nunca ter sido um homem do "aparelho", logo, um militante que age mais por convicções do que pelos interesses ditados pela máquina partidária, ou pela necessidade de garantir um lugar.
Foi, por isso, com prazer que, Domingo passado, fui dar-lhe um abraço de apoio ao Marco. Gostei de o ver e percebi que também ele gostou de me ver. O que já não gostei tanto foi ter sabido, ali, que houve quem, na véspera, tivesse tentado desmobilizar apoios de Aguiar Branco, nem sempre por meios ortodoxos. É claro que todos têm o direito de usar a sua influência sobre os militantes para que votem nos seus candidatos preferidos. Mas já não me parece assim tão correcto que se use o poder para influenciar quem depende desse poder. Não é bonito e, a prazo, pode trazer alguns engulhos a quem assim age.
Por isso, dirigindo-me directamente aos militantes do PSD, só posso dizer-lhes que o voto em Aguiar Branco é o voto que vale a pena. Pelo PSD e pelo País.