Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
23
Jan 09
publicado por J.M. Coutinho Ribeiro, às 15:54link do post | comentar

Escrevia, há dias, no Marco Hoje, o meu amigo João Monteiro Lima que será uma surpresa a não inclusão nas listas das próximas autárquicas de alguns nomes que são do melhor que o Marco tem. Entre esses nomes estava o meu.

Não será só por amizade que o JML se me refere nesses termos. Apesar de nos conhecermos ainda não há muito, estou certo de que ambos estamos muito próximos quando se trata de princípios e de valores por que se deve reger a actividade política. E, porque não sou falsamente modesto - a falsa modéstia irrita-me particularmente - confesso que, realmente, gostaria de dar ao Marco aquilo que ainda não pude dar. Só que já não estou nesse tempo.

Poderia recuperar aqui a mágoa das maldades que me fizeram em 2001, quando, com o maior dos entusiasmos e a maior boa vontade, fui candidato à Câmara. E poderia justificar-me, dizendo que se não me quiseram em 2001, também não estou disponível em 2009. Mas não é isso o que leva à minha indisponibilidade. Eu percebo que não me tivessem querido em 2001, pela razão simples de que não tive nem meios nem máquina para chegar onde podia ter chegado.

O que me leva a estar indisponível - apesar de continuar a gostar de política - é a noção de que a política não gosta de mim. A política, nos tempos que correm, não gosta de pessoas com coluna vertebral e duras de rins. A política, nos tempos que correm, parece ter-se transformado num enorme negócio, onde todos têm preço e onde tudo se compra e tudo se vende. Por isso, passo.

Em 2005, andei durante um tempo a pensar que Manuel Moreira era candidato nas mesmas circunstâncias em que eu tinha sido quatro anos antes. Por isso, preparei-me para lhe dar toda a colaboração possível. Cheguei mesmo a pôr um dinheirinho de parte para o ajudar na campanha. Cheguei a pensar que se me pedissem para ser suplente numa qualquer lista de uma qualquer freguesia, eu não hesitaria. Isto é: eu estava disposto a ajudar no sítio onde fosse mais necessário.

Percebi, tempo depois, que o PSD nem precisava do meu contributo financeiro, nem precisava da minha colaboração para nada. Mais: todos os nomes que eu tinha sugerido a Manuel Moreira como bons para as listas, foram pura e simplesmente esquecidos, como se tivessem lepra por terem sido indicados por mim (parece que hoje há quem torça as orelhas pelo facto, mas, enfim...).

Ao longo de todo este tempo, habituei-me, pois, à ideia de que a política não gosta de mim. Ora, se a política não gosta de mim, não tenho que persistir em estar nela. Nem tenho que gostar dos seus actores, mesmo quando são do meu partido. Nem tenho que ser hipócrita ao ponto de ser solidário quando é certo que a minha presença é entendida como uma ameaça. Pobre gente, tão insegura...

Por isso, continuo a gostar da política assim, falando dela com toda a liberdade. O que também é uma forma de ajudar a construir a cidade.

 


Caro Amigo,
Os nomes que referi no meu texto no MH, são de pessoas que estimo e considero, e das quais sou amigo. No entanto, o factor amizade não foi o que pesou na escolha daqueles nomes (e houve outros que não enumerei e deveria ter enumerado), o que pesou na escolha foi entender que aquelas pessoas são válidas e um concelho como o nosso com tantos problemas não se pode dar ao luxo de não contar com alguns dos seus melhores cidadãos.
Percebo o que diz sobre o PSD não querer a sua contribuição. Mas quem deve querer a sua contribuição (bem como as das outras pessoas que referi) é o Marco.
Se o PSD não é o querer o problema é deles. Agora o Marco contar com aqueles contributos é já se torna um problema bem mais grave, pois é um problema que a todos afectará.
Abraço
João Monteiro Lima a 23 de Janeiro de 2009 às 21:19

E cá estaremos, João, para contribuir. Dando ideias, criticando quando tiver que ser, sugerindo, conversando sobre as coisas, resistir quando o essencial está em causa, denunciando. Exercendo cidadania, em suma. O que pode ser feito de diferentes formas.
Um abraço cr

Concordo com o João Lima, quando diz que fazes falta ao Marco de Canaveses e acrescento: quer optes por uma actividade politica activa ou pela escrita, tenho a certeza que farás o teu melhor.
Tenho pena que como tu, toda uma geração de gente inteligente e válida, que tive o prazer de encontrar no Marco quando para aqui vim viver, tenha optado por fazer as suas vidas fora do Concelho deixando um vazio de que a sociedade em geral se ressentiu.
Mas nunca é tarde.
Helena Alves a 24 de Janeiro de 2009 às 00:34

Helena:
Talvez eu não tenha sido talhado para viver no Marco. Não foi deliberado, mas foi assim. Eu precisei da cidade grande para viver e ainda preciso. Sinto falta do movimento, do trânsito, do barulho.
Mas não viver no Marco não significa que se seja menos marcuense. Creio, até, que a forma como vivo o Marco é muito próxima, ainda que haja fases em que me apetece estar menos. É quando me desiludo com as coisas ou com as pessoas.
De qualquer modo, acho que ter vivido fora do Marco deu-me dimensão. Se tivesse vivido sempre no Marco teria, sem dúvida, perdido muitas coisas, teria sido uma pessoa muito diferente.
Não estou arrependido do percurso.
É a vida.

Sei que as palavras do João Monteiro Lima são genuínas, pese a imodéstia de que eu possa ser acusado, e compreendo também o que sente Helena Alves.
Contudo, há pessoas, como eu e o Coutinho Ribeiro por exemplo, que têm o Marco agarrado a si. Estejamos ou não na política activa, estejamos ou não fisicamente no Marco, a nossa terra é o nosso (pequeno) mundo. Por isso nos preocupamos, por isso discutimos tantas vezes a realidade do Marco, mesmo quando estamos a dezenas ou centenas de quilómetros de distância. Também foi por isso que fomos à luta ou que nunca deixámos, os dois, de votar no Marco. Este blogue é mais uma forma de cultivar esta ligação à nossa terra e de contribuir para o debate de ideias com vista ao seu desenvolvimento.
José Carlos Pereira a 24 de Janeiro de 2009 às 01:53

pesquisar neste blog
 
blogs SAPO