Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
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Nov 09
publicado por José Carlos Pereira, às 08:45link do post | comentar

Quando ficamos afastados de funções autárquicas, estamos mais livres para falar dos assuntos mais incómodos. É o caso da pretensa vontade de marcoenses do baixo concelho em criarem um novo município centrado em Alpendorada e Matos.

Domingos Neves, presidente da Junta daquela freguesia, desenterrou o assunto em recentes declarações ao jornal "A Verdade". Diz Neves que "seria uma ideia e se tivermos condições também não sou eu que me vou opor a esse projecto". Adiante, considera que o "desenvolvimento do baixo concelho pode passar por um concelho intermédio" e que Alpendorada "poderá vir a ser o centro desse novo concelho". Para isso, Neves recorda: "Já temos a escola secundária, temos a unidade de saúde familiar, temos a piscina, temos valências essenciais e mais que vierem penso que poderão vir para Alpendorada, porque as pessoas de outras freguesias vêm cá e fazem tudo, sem terem que se deslocar a outros lados".

É evidente para todos que Alpendorada criou nos últimos anos uma dinâmica económica e social própria e que muitas pessoas do baixo concelho estão mais voltadas, no seu dia a dia,  para Penafiel e outros concelhos envolventes do que para a sede do concelho de Marco de Canaveses. Contudo, daí a justificar-se um novo concelho parece-me que vai um grande passo.

Domingos Neves coloca a fasquia demasiado baixa ao elencar aquilo que Alpendorada tem e que justificaria a adesão das freguesias vizinhas. Como asseguraria a sustentabilidade do novo concelho? Faria sentido criar um concelho com cerca de quinze mil eleitores? Se juntarmos as freguesias marcoenses envolventes de Alpendorada e Matos e as freguesias ribeirinhas do Douro é a essa soma que chegamos.

Para além da vontade que se percebe que o Governo não tem de criar novos concelhos - provavelmente preferiria fundir alguns dos existentes - creio que falta percorrer um longo caminho para que tal se justifique no território do baixo concelho. Seria uma machadada no município de Marco de Canaveses e, em troca, não se constituiria uma nova entidade territorial com a devida sustentabilidade. E não cuido de saber o que pensariam disto as freguesias atingidas pela decisão, fossem de Marco de Canaveses ou até de Penafiel.

Julgo que Domingos Neves foi temerário em lançar este assunto para discussão, sem trazer consigo fortes argumentos em sua defesa. Não há pressão social sobre o assunto, é verdade, mas com amigos destes Manuel Moreira não precisa de se preocupar com os seus inimigos, como sói dizer-se. 


Esta é uma questão sussurrada há muito e que Domingos Neves trouxe agora para o debate. Creio que Manuel Moreira não terá ficado entusiasmado com esta iniciativa do presidente da Junta de Alpendorada.
Seria interessante, de facto, saber o que pensam as diferentes forças políticas. Dizem-me que Artur Melo terá dito na campanha que se envolveria na elevação de Alpendorada a cidade. Isso é bem diferente e com menores consequências práticas do que a criação de um concelho, mas seria oportuno saber o que vai na cabeça dos principais actores políticos.

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