Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
03
Fev 10
publicado por José Carlos Pereira, às 12:45link do post | comentar

O presidente da Câmara de Penafiel e da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Alberto Santos, veio protestar publicamente sobre a suspensão pelo Governo da construção da auto-estrada entre Penafiel e Entre-os-Rios, no âmbito da concessão Vouga (também conhecida por IC35), que ligará Penafiel a S. João da Madeira. Essa ligação, há muito prometida e cuja oportunidade foi reforçada na sequência da queda da ponte Hintze Ribeiro, beneficiaria também o concelho de Marco de Canaveses. Por isso, a Assembleia Municipal de Marco de Canaveses aprovou no mandato anterior uma proposta apelando à construção de um acesso fácil do baixo concelho ao IC 35, que também votei favoravelmente. O interesse da via e as vantagens para Marco de Canaveses são inegáveis e isso não está em causa.

Alberto Santos enfatiza o incumprimento das promessas feitas recentemente, nomeadamente pelo ministro Teixeira dos Santos. Será verdade o que diz e a reclamação é oportuna, ao evidenciar uma carência evidente da região. Pensarão o mesmo os residentes nas áreas das outras quatro concessões suspensas (Serra da Estrela, Tejo Internacional, Ribatejo e Baixo Alentejo). Todavia, Alberto Santos terá que olhar para dentro de casa – para o PSD – e decidir o que quer(em) defender em cada momento. Enquanto vice-presidente da distrital do Porto do PSD, Alberto Santos advoga mais investimento público em concessões rodoviárias, nos tempos de crise estrutural profunda que vivemos, ou quer ser solidário com a direcção nacional do seu partido e limitar ao mínimo possível esses investimentos?

Quando Manuela Ferreira Leite, (ainda) líder do seu partido, proclama que o Orçamento do Estado dá sinais de caminhar no sentido da contenção da despesa pública está a congratular-se com a suspensão do investimento público ainda não comprometido e essa foi uma das razões para o PSD viabilizar o Orçamento. Seria conveniente que o discurso no seio do maior partido da oposição estivesse mais alinhado…


Bom dia:
Relativamente a este texto acho que deveríamos analisar duas realidades completamente distintas, Por um lado, o papel de presidente de uma câmara, eleito para defender as populações e o desenvolvimento local e que deve fazer os possíveis por fomentar o investimento na região a que preside, a politica nacional pode e deve ser mais ou menos indiferente a este papel, pois para isso existem os orgãos nacionais (assembleia da republica e governos civis) e os políticos nacionais.
Outro contexto é acerca do PSD. A direcção nacional na figura da sua presidente advoga a diminuição da despesa publica, o seu vice presidente, Aguiar Branco, tem vindo a publico advogar o aumento de transferências para a Madeira e no meio disto tudo temos um governo regional do PSD que passou os últimos 10 anos a gastar 10 milhões de € por mês além do orçamento normal, contribuindo para a acumulação de uma dívida publica acumulada líquida de cerca de 1.200 milhões de € em dez anos, visto que segundo o ministro Teixeira dos Santos o governo central da republica assumiu por inteiro a divida da região em 2000.
Acerca do PSD, a deriva e a incongruência de um partido que não quer perder o bastião da governação que ainda lhe resta, vai numa direcção em que se sacrifica a politica nacional para defender região que lhe resta abdicando gravemente da defesa de uma postura séria que seria a única que lhe renderia proveitos a médio prazo.
Cumprimentos,
César Pinto
Cesar Pinto a 3 de Fevereiro de 2010 às 13:14

Percebo o que diz e muitas vezes os autarcas ficam emparedados entre as aspirações locais e a solidariedade partidária. Todavia, Alberto Santos, um dos principais dirigentes do PSD no distrito, não pode dizer o que disse sem se distanciar inequivocamente da "política de terra queimada" que a direcção nacional do PSD adoptou sobre os investimentos públicos, nomeadamente os rodoviários.

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