O vice-presidente da Câmara, José Mota, meu particular amigo desde os tempos da Escola Secundária, presenteou-nos com uma reflexão a propósito do exemplo que aqui trouxe sobre o investimento da Câmara Municipal de Paredes nos centros escolares.
Com efeito, Paredes vai investir cerca de 50 milhões de euros na construção de quinze centros escolares, fechando todas as escolas com menos de cem alunos. Estes novos equipamentos serão dotados de tudo o que se possa imaginar, incluindo pavilhão desportivo, gabinete médico e de nutricionismo, meios tecnológicos, biblioteca e cantina. No caso de Mouriz, o exemplo da reportagem televisiva, o equipamento fica no meio da futura cidade desportiva, o que enobrece ainda mais a opção tomada.
Não posso revelar os dados que me foram avançados pelo presidente da Câmara, Celso Ferreira, mas esse investimento de 50 milhões pesa relativamente pouco no orçamento da autarquia, considerando os fundos comunitários e as poupanças introduzidas com a nova rede escolar. Nada que uma Câmara média como Paredes ou Marco de Canaveses não possa suportar.
Sucede que, no nosso caso, a factura que a Câmara Municipal paga pelo desgoverno das maiorias CDS, com encargos mensais de 400 mil euros, tudo compromete. Se não houvesse essa dívida, a autarquia podia amealhar o suficiente para pôr de pé um investimento como o de Paredes. É esta verdade que não pode ser escamoteada e deve ser levada – sempre! – a todos os marcoenses. Para vergonha de quem geriu (?) a autarquia durante vinte anos.
Na actual condição, a Câmara vê-se impedida de se financiar na banca e de, assim, alavancar projectos desta dimensão. Compreendo a amargura de José Mota por esse facto, mas isso também deve servir para que o actual executivo, nas poupanças que possa fazer para investir, seja muito criterioso nas opções de investimento. Como já disse, não pode querer “ir a todas” e deve privilegiar o que é verdadeiramente estruturante, designadamente o abastecimento de água e saneamento e os equipamentos escolares.
Quanto à segunda parte do texto de José Mota, vale a pena dizer que sempre fui adepto da política do Governo de concentrar as crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo em equipamentos melhores e dotados de todos os meios para uma aprendizagem de sucesso. Aos autarcas, nomeadamente aos de freguesia, exigia-se um papel pedagógico junto das famílias, explicando que é preferível os seus filhos viajarem alguns quilómetros de autocarro e terem uma escola de excelência do que ficarem ao pé de casa numa escola modesta e vinculada a um modelo de ensino esgotado.
Já nem falo da pequena vaidade de um autarca poder dizer que “tenho uma escola na minha freguesia”. De que vale isso se uns anos depois essas crianças acabam nas obras de construção civil e em outros trabalhos indiferenciados por falta de incentivo para o sucesso e de uma aprendizagem completa para a vida activa?