Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
04
Jun 10
publicado por José Carlos Pereira, às 13:45link do post | comentar

O vice-presidente da Câmara, José Mota, meu particular amigo desde os tempos da Escola Secundária, presenteou-nos com uma reflexão a propósito do exemplo que aqui trouxe sobre o investimento da Câmara Municipal de Paredes nos centros escolares.

Com efeito, Paredes vai investir cerca de 50 milhões de euros na construção de quinze centros escolares, fechando todas as escolas com menos de cem alunos. Estes novos equipamentos serão dotados de tudo o que se possa imaginar, incluindo pavilhão desportivo, gabinete médico e de nutricionismo, meios tecnológicos, biblioteca e cantina. No caso de Mouriz, o exemplo da reportagem televisiva, o equipamento fica no meio da futura cidade desportiva, o que enobrece ainda mais a opção tomada.

Não posso revelar os dados que me foram avançados pelo presidente da Câmara, Celso Ferreira, mas esse investimento de 50 milhões pesa relativamente pouco no orçamento da autarquia, considerando os fundos comunitários e as poupanças introduzidas com a nova rede escolar. Nada que uma Câmara média como Paredes ou Marco de Canaveses não possa suportar.

Sucede que, no nosso caso, a factura que a Câmara Municipal paga pelo desgoverno das maiorias CDS, com encargos mensais de 400 mil euros, tudo compromete. Se não houvesse essa dívida, a autarquia podia amealhar o suficiente para pôr de pé um investimento como o de Paredes. É esta verdade que não pode ser escamoteada e deve ser levada – sempre! – a todos os marcoenses. Para vergonha de quem geriu (?) a autarquia durante vinte anos.

Na actual condição, a Câmara vê-se impedida de se financiar na banca e de, assim, alavancar projectos desta dimensão. Compreendo a amargura de José Mota por esse facto, mas isso também deve servir para que o actual executivo, nas poupanças que possa fazer para investir, seja muito criterioso nas opções de investimento. Como já disse, não pode querer “ir a todas” e deve privilegiar o que é verdadeiramente estruturante, designadamente o abastecimento de água e saneamento e os equipamentos escolares.

Quanto à segunda parte do texto de José Mota, vale a pena dizer que sempre fui adepto da política do Governo de concentrar as crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo em equipamentos melhores e dotados de todos os meios para uma aprendizagem de sucesso. Aos autarcas, nomeadamente aos de freguesia, exigia-se um papel pedagógico junto das famílias, explicando que é preferível os seus filhos viajarem alguns quilómetros de autocarro e terem uma escola de excelência do que ficarem ao pé de casa numa escola modesta e vinculada a um modelo de ensino esgotado.

Já nem falo da pequena vaidade de um autarca poder dizer que “tenho uma escola na minha freguesia”. De que vale isso se uns anos depois essas crianças acabam nas obras de construção civil e em outros trabalhos indiferenciados por falta de incentivo para o sucesso e de uma aprendizagem completa para a vida activa?


sr.josé carlos pereira,não sei o que o sr.tem contra os operários da construção civil e outros indeferenciados,segundo eu sei o sr.vive ou numa vivenda ou num apartamento,se não fossem os operários da construção civil e outros indeferenciados o sr. vivia em quê?numa tenda?eu penso que os operários da construção civil e os indeferenciados são profissões dignas que muita falta fazem a um país.lembre-se de milhares de operários da construção civil e indeferenciados que tiveram que sair do país para sustentar os seus,já que no seu país não havia investimentos na construção civil.
só é pena que não se aposte mais nas escolas profissionais com qualidade e com bons técnicos para ensinarem para que os profissionais da construção civil e os indeferenciados sejam mais respeitados...
com os meus cumprimentos
amm
tonaci a 4 de Junho de 2010 às 22:57

Como é evidente nada tenho contra os operários da construção civil e outros trabalhadores indiferenciados. Eles fazem falta e têm uma actividade tão digna como outra qualquer.
O que sucede é que muitas das pessoas que exercem essas profissões não o fazem por opção ou por terem sido preparadas para tal, mas sim por falta de alternativas e de preparação para outras profissões. E isso é que me entristece.
Não é por acaso que a nossa região - onde prolifera o abandono e o insucesso escolar - tem uma das maiores concentrações de operários da construção civil, mesmo entre os emigrantes. A escola não é suficientemente apelativa e os jovens preferem abandonar os estudos e começar a ganhar algum dinheiro, com o beneplácito das famílias. Temos de inverter esta realidade. Só assim faremos aumentar a competitividade deste território.

com os meus cumprimentos,concordo plenamente consigo,mas se não exercemos uma campanha com que as escolas preparem esses futuros técnicos tanto da construção civil como de outras profissões com qualidade e empenho como acontece nos paízes do leste em que as crianças desde pequenas são preparadas para as suas profissões,não iremos a lado nenhum.
tenho como exemplo cursos de barman`s e empregados de mesa e técnicos hoteleiros que são lecionados neste concelho mais precisamente em alpendorada,que nada tem para a realidade porque os seus técnicos não teêm qualidade para que os alunos possam têr sucesso profissional.
bem mas isso é outra louça...
atentamente
amm

O ensino técnico e profissional foi mal amado durante muitos anos e ainda hoje se fazem algumas asneiras por aí. Tal como na formação profissional, onde às vezes o que conta é o dinheiro que circula para formadores e formandos.
Quem paga? Os mais jovens, claro, que não são convenientemente preparados para a vida activa.

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