a Augusto Soares:
Comecemos por clarificar que Norberto Soares só ganhou uma eleição: a da Junta de Soalhães, em 1997, numa altura em que a presidia, por substituição de Couto Leite, que a ganhara em 1993 (ao meu pai, curiosamente).
Em 2001, estava na lista do CDS para a Câmara, mas creio que o mérito da vitória terá sido de Ferreira Torres. Ou não?
Em 2005, NS foi cabeça-de-lista do CDS à Câmara e perdeu. E, então, se entrarmos nesta coisa de vitórias e derrotas, podemos dizer que NS conduziu o CDS à sua primeira derrota autárquica no Marco desde 1982.
Diz-me que perdeu por causa das traições. Não sei de que fala, meu caro. Em muitas conversas que tive com NS antes e depois dessa eleição, ele nunca me falou de traições.
Quanto ao processo de 2009, digo agora o que disse antes: nem o PS-Porto, nem Norberto Soares estiveram bem. O PS apostou em NS, com o argumento de que Artur Melo não estava a "pegar" e que NS era um candidato já "feito". Norberto já tinha aceitado ser candidato do PS e só não se consumou porque, entretanto, percebeu que não tinha nada a ganhar com isso.
Tudo isto, sem esquecermos a não desmentida conversa entre Norberto e Manuel Moreira a seguir às eleições de 2005.
a Helena Alves:
Creio que parte das resposta já foram dadas acima.
Quanto a Norberto nunca ter sido militante do CDS, creio que deves ver isso melhor, porque estou creio de que o foi até há algum tempo. De outro modo, desfiliou-se - houve uma carta - do que não era filiado.
Por outro lado, no que se trata de demarcações, há que avançar um facto objectivo: no tempo em que convivi com NS no Executivo - entre o princípio de 2002 e final de 2003 - nunca vi que ele tivesse discordado de qualquer proposta da maioria CDS-PP. Pode chamar-se a isto lealdade. Eu acho falta de independência.
NS esteve naquele mandato até ao fim, foi candidato do CDS em 2005, assumiu-se como herdeiro da gestão de Ferreira Torres nesse debate em Penafiel. Moral da história: não se pode ser "torrista" quando dá jeito, e deixar de ser quando não o dá. Porque, entre um momento e outro, não vi nada que possa justificar uma mudança de opinião sobre o "torrismo".
Em rigor, Norberto deixou o CDS quando percebeu que AFT viria outra vez por aí e que ficava sem espaço.
(Quanto ao resto, tens razão: ainda hoje acho que os primeiros anos de gestão de Ferreira Torres - em que participei - foram bons e marcaram uma viragem positiva num Marco anquilosado. Pena que se tenha perdido esse espírito e que depois a coisa se tenha transformado no que se transformou. E foi nessa parte que Norberto esteve...)