Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
19
Abr 09
publicado por J.M. Coutinho Ribeiro, às 20:02link do post | comentar

Passei pelos Paços do Concelho, sexta-feira à noite, enquanto decorria a sessão da Assembleia Municipal. Não atentei muito nas matérias em discussão. A ideia era mesmo a de avaliar o clima pré-eleitoral. Alguns sinais:

  • Lindorfo Costa esteve ao ataque, quando se falou de contas (ali ao lado, no auditório, Avelino Ferreira Torres protagonizava um "número", num colóquio sobre educação especial).
  • Estranhei as ausências dos vereadores Bento Marinho e José Mota, numa sessão em que se debatiam questões muito importantes.
  • Manuel Moreira estava nitidamente tenso e nervoso, o que talvez explique a forma pouco adequada como respondeu a Pedro Costa e Silva (qualquer coisa como isto: se a ignorância pagasse imposto, o senhor seria um grande contribuinte líquido). Desnecessário...
  • Há quem nem por momento duvide de que Ferreira Torres ganha folgadamente as eleições; e há quem garanta que o homem não tem qualquer hipótese. Exageros, talvez, em ambos os casos.
  • Conversa cá fora: há quem utilize argumentos e linguagem deslocados para atacar adversários. Um sinal dos tempos que se avizinham, quando a campanha apertar. Não vai ser bonito.
  • Norberto Soares não consegue esconder que anda agastado comigo. Deve ter sido por alguma coisa que eu escrevi. Quem escreve, arrisca-se a ser injusto; quem é referido, tem de ter alguma capacidade de encaixe.
  • A transmissão da Rádio Marcoense estava péssima. Ainda assim, há quem garanta que foi possível ouvir António Coutinho com apartes sobre deputados que não são reproduzíveis (cuidado com os microfones...).
  • Movimentações na bancada do CDS-PP. Nota-se que anda ali divisão entre os apoiantes de Norberto e de Torres. Como não podia deixar de ser.
  • Bancada do PS anda um bocado como tolo no meio da ponte. Como também não se estranha.

     


Também passei pela Assembleia Municipal de 6ª feira.
Tirei algumas ilações.
Sobretudo uma.
A solidão de Manuel Moreira .
Sem o seu Vice, sem o Vereador Mota, confinado a Veradora Gorete, com um grupo parlamentar desagregado. Todas as justificações funcionam (eu já fui Vereador) mas nem que "comesse a relva" (perdoem o futebolismo), não deixaria de estar na discussão de algo tão transcendente, como o "requilibrio financeiro", mais ainda quando, na Câmara, se defendeu a sua proposta.
Outra ilação : a tenacidade de Manuel Moreira.
Manuel Moreira é um tribuno, um orador nato, como comprovei nas várias vezes que o ouvi usar da palavra, em diversas ocasiões, formais ou menos formais. O modo como usou, a seu favor, o discurso do Dr. Lindorfo e os desafios que lhe fez, é de alguem com sagacidade e com sabedoria política; mesmo na resposta a Pedro Costa e Siva, embora com alguma arrogância, soube fazer, de reparos e críticas a si dirigidos , um "tiro no pé" de quem acusava.`
Parece que sou defensor de MM; não...
Não sou, de modo evidente, nunca serei, eleitor, seguidor, apoiante, de Manuel Moreira; a minha escolha, há meses, embora vindo, recentemente, de uma esquerda bem mais radical, recaiu, aqui, no PS e no seu candidato. E continuará. Mas não sou cego.
Sempre vi um Manuel Moreira aguerrido, tribuno, orador, mas, sempre, só. Lembrando-me o personagem de Gabriel Garcia Marquez, em "O General no seu labirinto..." : ás tantas, luta por uma causa que é só sua, com o beneplácito (diferente de apoio!) e, outras vezes deserção, dos seus. Que lhe vão, contudo, criando ilusões .
Só que esta "solidão" de Manuel Moreira, que compreendo, é a prova provada, não da sua incompetência pessoal (talvez, da inadaptação), mas da falência do modelo de governação que preparou (ou que lhe prepararam), da inadequação da sua estratégia.
Mas, pelos erros políticos, pagam-se facturas políticas.
"Malhei", já, e "malharei", nas políticas de Manuel Moreira, mormente as sociais, pelos seus defeitos e erros de concepção e gestão, pelas oportunidade qe perdeu, pela "mudança tranquila" que não fez, que me faz querer, hoje, uma verdadeira ruptura radical no Marco.
"Malharei". Já o fiz e fá-lo-ei. Mas respeito o "Homem errado no local errado", mas, que não fugiu e se defende, sózinho.
A esse, por isso, tenho respeito, coisa que, só com muito esforço terei por outros, pelo seu perfil de "salvadores" mais ou menos "beatificados" ou pelos seráficos silêncios tidos em ocasiões onde, afinal, se podia falar...; esses já mostraram como encaram o Poder.
Mas espero que, de facto, o novo ciclo possa vir a acontecer, marcado por uma gestão municipal da "esquerda cidadã". Ou seja, uma outra maneira de estar na política local.
Abel Maria Simões Ribeiro a 20 de Abril de 2009 às 17:59

Quando conhecer melhor o Marco, vai verificar que esta distinção esquerda/direita faz por cá pouco sentido, quando se fala de eleições autárquicas.
Qual qualquer pessoa - Artur Melo incluído - poderá relatar-lhe casos de candidatos de esquerda que se revelaram um verdadeiro "flop" e que, rapidamente, engrrossaram as redes do poder supostamente da direita.
E isto não tem a ver, obviamente, com as escolhas que diz já ter feito.

pesquisar neste blog
 
blogs SAPO