Quando, por 2004 - ainda vereador do PSD -, a maioria CDS-PP decidiu avançar com o plano de reequilíbrio financeiro da Câmara, as reuniões foram tumultuosas. Bravas, mesmo. Com episódios caricatos à mistura. Um deles, foi protagonizado por Ferreira Torres, que tentou esquivar-se à reunião de Câmara, mas acabou por ter de ir, aos murros na porta do Salão Nobre para chegar a tempo. Outro, foi protagonizado por Lindorfo Costa, o 'cérebro' das finanças locais, que foi à Rádio Marcoense justificar a falência técnica do Município numa longa entrevista (os vereadores da oposição não tiveram direito a exprimir-se sobre a matéria). Da entrevista de Lindorfo retive uma expressão que usou para justificar a falência: «No Marco está tudo feito, talvez falte tapar uns buraquinhos por causa dos tacões finos dos sapatos das senhoras» (cito de cor). Ri. E escrevi um texto de última hora sobre o assunto para o extinto "Notícias do Marco".
Todos nós sabemos que no Marco não está tudo feito. Nem por sombras. Mas era um bom discurso de despedida, de quem achava que, assim, se justificavam as contas do Município.
Acontece, porém, que, por ironia do destino, Ferreira Torres e Lindorfo Costa estão de regresso anunciado. É certo - e sabido - que eu não morro de entusiasmo pela obra de Manuel Moreira, mas não me consta que o homem tenha estragado a obra feita pelos seus antecessores. Logo, não se percebe, ao que vem a dupla Torres/Costa. Se está tudo feito, que querem fazer eles? Ou será que, quatro anos depois, descobriram uma nesga de humildade e de imaginação para aceitarem que está quase tudo para fazer? Esperemos, pois, que nos digam ao que vêm estes engenheiros-de-obras-feitas.