Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
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Abr 09
publicado por José Carlos Pereira, às 08:45link do post | comentar

URBANISMO E HABITAÇÃO

 

O aumento do rendimento disponível e o surgimento de novas acessibilidades viárias criaram a oportunidade, ou a ilusão, de ultrapassar rapidamente a situação de “atraso” em que o Marco se encontrava. Rasgou-se o território com novos arruamentos, abriram-se as portas ao tráfego automóvel, libertaram-se terrenos para novas construções, foram feitos estudos, planos, projectos, rotundas e novas centralidades. Contudo, essa mudança foi sempre determinada por uma lógica individualista e desordenada, conduzindo vezes demais à descaracterização e à destruição do espaço natural e do edificado. O resultado traduziu-se apenas em mais betão, mais carros, mais máquinas, mais volume, mais utentes, mais poluição, mais desordem no espaço urbano.

É preciso dar aos marcoenses uma nova esperança, um horizonte com contornos mais harmoniosos, mais humano e com maior qualidade de vida. A revisão do Plano Director Municipal terá de ser concluída a breve prazo, esperando-se que resulte num documento ponderado e reflectido, que valorize as potencialidades do concelho, adaptando esse instrumento estratégico às necessidades da população, sempre com a preocupação de privilegiar os interesses da generalidade dos marcoenses em detrimento dos interesses particulares.

É necessário beneficiar o património existente no município e melhorar a qualidade de vida urbana, tendo em atenção a recuperação, protecção, salvaguarda e valorização do património edificado e dos espaços públicos. Há que dar prioridade à revitalização dos centros históricos e dos núcleos rurais, com base nas experiências de conservação que se vão acumulando. 

A revitalização do tecido urbano de mão dada com a requalificação do espaço rural, aproveitando o inquestionável potencial humano, promoverá uma nova indústria de lazer e cultura em torno do património edificado histórico e das obras contemporâneas de valor arquitectónico mais significativo. Por que não uma aposta nas indústrias criativas, cujos projectos têm sido a âncora para a revitalização de muitos municípios?

No que diz respeito ao património habitacional da autarquia, cabe à Câmara assegurar a respectiva gestão e manutenção, valorizando os espaços de fruição colectiva e assegurando que os agregados residentes nessas habitações dispõem das condições adequadas e do apoio necessário por parte da edilidade.

Em tempo de crise, é necessário criar novos instrumentos de apoio à habitação para os agregados familiares comprovadamente necessitados. Esses apoios podem revestir a forma de subsídio de renda de casa, promovendo o arrendamento de habitações nas freguesias de origem. Deste modo, a Câmara auxiliava as famílias mais carenciadas, dinamizava o mercado de arrendamento e fixava as pessoas nas suas freguesias, combatendo alguns focos de desertificação que já se fazem sentir pelo concelho.


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