Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
28
Jun 10
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A Democracia

 

Os 36 anos decorridos desde a revolução de Abril trouxeram um crescimento sem precedentes ao concelho, tirando partido do processo de consolidação democrática e do desenvolvimento sentido em todo o país.

O PSD venceu as eleições autárquicas de 1976, tornando-se o Dr. Amadeu Marramaque como o primeiro presidente da Câmara eleito. Seria reeleito em 1979 pela coligação Aliança Democrática.

De 1982 a 2005 o CDS venceu todas as eleições autárquicas disputadas, tendo como presidente da Câmara Avelino Ferreira Torres.

Em 2005 venceu novamente o PSD, com o Dr. Manuel Moreira, que foi reeleito em 2009.

Neste período há ainda a registar que três políticos locais foram eleitos deputados da Assembleia da República: Arcanjo Luís (PSD), na primeira legislatura, em 1976-78, Eng. Fontes Orvalho (PS), durante a legislatura do bloco central, em 1983-85, e Alberto Araújo (PSD), entre 1985 e 1995.

Apesar do crescimento verificado, há alguns indicadores básicos que nos mostram as oportunidades perdidas e o caminho que falta percorrer para construir um município com maior qualidade de vida:

Ambiente (2006) – População servida: Água: Tâmega (70%); M. Canaveses (36%); Amarante (84%); Saneamento: Tâmega (40%); M. Canaveses (27%); Amarante (53%); ETAR: Tâmega (35%); M. Canaveses (25%); Amarante (43%)

Índice de poder de compra (2007) – Portugal 100; Norte 86,2; M. Canaveses 61,6

IRS (2008) – Rendimento colectável per capita: 2.544 €

Exportações – de 63,058 M€ em 2001 para 41,472 M€ em 2008

Protecção social – Beneficiários do RSI (2008): 4.385 – 2º no Tâmega

Desemprego (Maio de 2010): 4.047 desempregados – 3º no Tâmega e Sousa


27
Jun 10
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Anos 60

 

Em 1960 é aprovado o Plano de Urbanização da Vila e a nova escola da Vila constrói-se em 1961 (oferta de Caetano Mesquita Pereira de Vasconcelos, da Casa dos Murteirados).

Nesta década abre o Santuário de Avessadas. Em 1966 instala-se a GNR em Alpendorada. Em 1967 decide-se avançar com a construção do Palácio da Justiça e é inaugurado o novo Hospital de Santa Isabel.

Emerge a figura do Dr. Arlindo Gonçalves Soares, médico, presidente da Câmara desde 1962 e deputado da Assembleia Nacional entre 1965 e 1969.

Estes anos ficam marcados, em termos sociais, pelos efeitos da emigração e da guerra no Ultramar, bem como pelo processo de construção da Barragem do Carrapatelo, que seria inaugurada em 1972.

 

Anos 70

 

Os anos anteriores ao 25 de Abril de 1974 notam pequenas alterações no regime político e conhecem um agravamento das ondas de choque da guerra nas antigas colónias.

Por cá é criada em 1971 a Escola Preparatória do Conde de Samodães, título de Francisco Paula de Azevedo, que foi ministro da Fazenda na monarquia, governador civil, vereador da Câmara do Porto, professor da Universidade do Porto, presidente da Comissão Administrativa da Câmara na ditadura de 1926 e presidente da Junta de Freguesia de Constance.

Em 1973 foi criada a Escola Secundária polivalente.


26
Jun 10
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Anos 40

 

Em 1940 o município participa nas comemorações do duplo centenário, integrando o Cortejo Histórico do Mundo Português e o Cortejo do Trabalho.

Numa década marcada pela aposta nas infra-estruturas, a ponte de Entre-os-Rios é inaugurada em 1941 e a ponte de Canaveses, submersa nos anos 80 pela albufeira do Torrão, é inaugurada em 1944.

A Câmara avança com o plano de urbanização da Vila e em 1946 é criado o Externato D. João III.

 

Anos 50

 

O município goza de boa situação financeira. Abre o posto da GNR e aparecem os primeiros pólos industrializados: Livração, Marco/Estação/Rio de Galinhas e Alpendorada.

Na sequência do Plano de Fomento (1953-58) são construídas as escolas do centenário e é electrificado o baixo concelho.

Em 1956, Tuías é declarada como zona residencial e é criado o feriado municipal.

Em 1957 constitui-se a Adega Cooperativa. Em 1958, é criada uma Comissão pró-museu e biblioteca municipais. Surge também a biblioteca fixa da Fundação Calouste Gulbenkian.

Marco de Canaveses não acompanha a efervescência política da campanha presidencial de Humberto Delgado, como seria normal num meio rural e fechado. Humberto Delgado tem 394 votos contra os 3.442 de Américo Thomáz. Os párocos envolvem-se na campanha e as maiores votações do candidato oposicionista ocorrem em Fornos e Paços de Gaiolo, com 16% e 15% respectivamente, por influência das fábricas e dos ferroviários da Pala. Os descontentes queixam-se dos baixos vencimentos.


25
Jun 10
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Anos 30

 

Em 1930 chega o telefone ao concelho e continua a saga do abastecimento de água.

A depressão de 1929 provoca uma profunda recessão económica. Há falta de trabalho, regressam muitos marcoenses à terra com o fecho das fábricas nas cidades e os produtos agrícolas não são escoados.

A crise é também social e em 26 de Fevereiro de 1933 ocorre o crime de Soalhães, imortalizado por Bernardo Santareno na obra “O crime da aldeia velha”.

A Associação Beneficente dá lugar à Santa Casa da Misericórdia.

Em 17 de Janeiro de 1935 são aprovados o brasão e a bandeira do concelho. O Código Administrativo de 1936 cria o Conselho Municipal, com corporações e representações, a Câmara, que é eleita trienalmente pelo Conselho, e o presidente da Câmara, nomeado pelo Governo pelo período de 6 anos. Há um reforço do presidente como representante do poder do Estado. Marco de Canaveses é classificado como concelho rural de 2ª ordem.

Em 1939 são definidos os limites da Vila e a Legião Portuguesa passa a ter sede aberta.


24
Jun 10
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Anos 20

 

Numa década de grande fulgor, o poder municipal discute a instalação da Guarda Republicana e do Hospital.

Surgem a electro-moagem, a segunda fábrica de moagem, a fábrica do papel e o hotel das Caldas de Canaveses. A sociedade civil faz nascer jornais, clubes desportivos e, em 1924, a Associação dos Bombeiros Voluntários. Defende-se a existência de uma biblioteca popular e de outros equipamentos públicos.

No seguimento do golpe de 28 de Maio de 1926, em 11 de Julho é nomeada pelo governador civil uma nova Comissão Administrativa. São extintos serviços da administração do Concelho que conflituavam com a Câmara e o presidente da Câmara assume essas funções.

Adriano José de Carvalho e Melo (1º administrador) e Caetano Queirós Montenegro (1º presidente da Câmara) passam a integrar a toponímia. Avança nessa altura o estudo para construção de uma central hidroeléctrica com outras Câmaras do Douro.


23
Jun 10
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Anos 10

 

Poucos dias depois da implantação da República, mais precisamente em 10 de Outubro de 1910, é empossada a Comissão Administrativa Republicana Provisória, presidida pelo Dr. Adriano António Crispiniano da Fonseca.

Há um apelo aos princípios liberais e a Praça do Marco passa a chamar-se Praça da República, logo em 17 de Outubro.

A I Guerra Mundial traz consigo a crise agrícola. A conjuntura de escassez e os problemas económicos persistem após o fim da Guerra.

Em 1914 está no centro do debate a adjudicação de iluminação pública.

Em 1919, com a ascensão de Sidónio Pais, a Comissão Administrativa é simpatizante desta corrente, registando-se uma grande agitação entre monárquicos e republicanos em Marco de Canaveses.


22
Jun 10
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Séc. XIX

 

Em 31 de Março de 1852, na sequência de um novo reordenamento administrativo, é criado o concelho de Marco de Canaveses, que conta com cerca de 25.000 habitantes e 6.300 fogos.

Em 1856, o concelho tem 1.004 eleitores, dos quais 235 são elegíveis para deputados e 239 elegíveis para cargos municipais. O recenseamento eleitoral é elitista, em função dos rendimentos disponíveis e de se saber ler e escrever. O poder local é então fraco, sem meios para realizar obras com dimensão. Tinha, contudo, o ónus do recenseamento militar e da administração fiscal.

O Código administrativo de Rodrigues Sampaio, em 1878, vem conferir mais atribuições ao poder municipal, por exemplo nas escolas. O estatuto de administrador do concelho, que exigia curso superior ou do secundário, era mais elitista do que o de vereador, a quem bastava a instrução mínima.

Nesse mesmo ano a via-férrea da linha Douro chega até ao Juncal, assistindo-se também nesse período ao investimento na rede nacional de estradas. Os marcoenses lutam depois por uma via rodoviária que partisse da estrada Porto-Amarante, que estava em construção, em direcção ao Douro, rasgando o interior do Distrito do Porto. Em 1884 é construída a estrada Penafiel-Marco.


20
Jun 10
publicado por José Carlos Pereira, às 14:00link do post | comentar

Nos próximos dias vou publicar uma série de pequenos textos sobre factos marcantes para Marco de Canaveses no período decorrido desde a implantação da República, recuando de forma introdutória até meio século antes, concretamente à data de constituição do concelho em 1852.

Para tanto servi-me das minhas notas para a conferência “O Marco de Canaveses e a República”, realizada em 31 de Março último nos Paços do Concelho, e da leitura da obra “Marco de Canaveses – Perspectivas”, coordenada pelo Prof. Jorge Alves.


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