Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
30
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 13:15link do post | comentar

Em conferência de imprensa ontem realizada, a Câmara Municipal de Marco de Canaveses explanou as suas conclusões sobre o veredicto proferido pelo Tribunal Arbitral constituído no âmbito do diferendo entre a autarquia e a concessionária Águas do Marco, SA. A Câmara não se conforma com a decisão e decidiu recorrer da mesma para o Tribunal Central Administrativo.

O site da autarquia revela o teor da posição pública da Câmara Municipal, bem como o Acórdão do Tribunal Arbitral e a Declaração do Árbitro indicado pelo município.

 

Só tive tempo de ler a declaração pública da Câmara e devo dizer que concordo com o essencial do que ali fica dito. A única saída que restava era recorrer para uma instância superior face àquilo que foram as conclusões do Tribunal Arbitral. Continuo a acreditar que a Câmara e os marcoenses são vítimas de um mau contrato de concessão e não podem ficar conformados com essa realidade.

Sei que o meu testemunho é citado no Acórdão e na Declaração do Árbitro do município, que ainda não tive oportunidade de ler. Continuarei disponível para dar o meu modesto contributo sempre que for necessário testemunhar o modo como o processo foi submetido à avaliação e aprovação da Assembleia Municipal de então.

 


26
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 00:15link do post | comentar | ver comentários (3)

No meio das dificuldades financeiras sentidas pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses nem tudo são más notícias. O jornal "A Verdade" de sexta-feira passada revela que o Gabinete Jurídico da autarquia se pronunciou desfavoravelmente ao pedido do ex-presidente Avelino Ferreira Torres no sentido de que a Câmara suportasse os cerca de 121.000 euros de encargos com custas judiciais e honorários de advogados. A questão já tinha sido abordada aqui.

O presidente da Câmara, Manuel Moreira, ficou satisfeito com o parecer e continua a dizer que só pagará essa verba se a isso for obrigado. Custa-me que a crer que a Lei e a jurisprudência venham em auxílio de Ferreira Torres.


25
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 09:00link do post | comentar

O meu post anterior sobre a atribuição de medalhas honoríficas pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses motivou alguns comentários e dúvidas que a leitura da acta da reunião de 23 de Junho vem esclarecer.

Assim, a proposta de atribuição partiu do presidente da Câmara, Manuel Moreira, e todas as distinções foram aprovadas por unanimidade, com excepção da medalha atribuída ao padre Hermínio Bernardo Pinto, que colheu quatro votos favoráveis e um voto branco, sendo aprovada por maioria.

Os vereadores Avelino Ferreira Torres e Artur Melo faltaram a essa reunião.

 

Adenda: Ao contrário da opinião de alguns dos seus apoiantes, Artur Melo não viu motivos relevantes para discordar das distinções honoríficas outorgadas pelo município. Caso contrário, não faria questão de estar na entrega das medalhas, como nos mostra a ultima edição do jornal "A Verdade".


21
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 19:10link do post | comentar

O leitor Emanuel Moreira, residente em Penha Longa, enviou-nos para divulgação um texto de opinião sobre a política desportiva em Marco de Canaveses, intitulado "Batemos no fundo do poço...", que já foi publicado na última edição do jornal "A Verdade".

O artigo pode ser lido aqui.


19
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 12:50link do post | comentar

A recente condenação dos árbitros Pedro Sanhudo e Bruno Ribeiro por aceitarem beneficiar um clube dos campeonatos distritais do Porto, o Sport Progresso, em troca de um televisor e leitores de DVD para equipar o Núcleo de Árbitros do Baixo Tâmega, em Marco de Canaveses, mostra o jaez de tais personalidades.

O amarantino Pedro Sanhudo foi árbitro da primeira categoria do futebol nacional e é próximo de Avelino Ferreira Torres, ele próprio antigo membro do Conselho Nacional de Arbitragem e ex-presidente do Conselho Distrital de Arbitragem. Esta relação de proximidade deu frutos também na inglória candidatura de Ferreira Torres à Câmara de Amarante, onde teve Pedro Sanhudo como candidato à Junta de Freguesia de Salvador do Monte. Sanhudo foi também arguido no processo “Apito Dourado”.

Refira-se que ainda hoje Avelino Ferreira Torres é membro do Conselho Geral da Associação de Futebol do Porto e que seu filho, o ex-vereador Fernando Torres, é vice-presidente do Conselho de Disciplina da mesma associação.

O Núcleo de Árbitros do Baixo Tâmega instalou-se em Marco de Canaveses, beneficiando de apoios públicos da autarquia (quanto?), apenas porque isso servia as estratégias pessoais do antigo presidente da Câmara e de alguns apaniguados. Dessa fogueira de vaidades e pequenos poderes, os marcoenses nada retiraram. Dos cofres municipais é que foram retirados mais alguns milhares de euros…


12
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 12:45link do post | comentar | ver comentários (7)

O ex-presidente da Junta de Freguesia de Rio de Galinhas, Hernâni Pinto, assina um artigo de opinião na última edição do jornal “A Verdade” sobre o cancelamento das obras de electrificação da Linha do Douro.

Este é um assunto caro a Hernâni Pinto e o antigo autarca dispara sobre vários protagonistas socialistas, desde o primeiro-ministro, José Sócrates, ao vereador Artur Melo e a outros deputados e dirigentes distritais. O PS, dos “políticos santeiros”, é o alvo de todas as críticas.

Hernâni Pinto vê ser adiado um investimento que permitiria criar uma nova centralidade em torno da estação de Rio de Galinhas e isso magoa-o, o que se percebe. Contudo, Hernâni Pinto, que foi autarca pelo PS durante largos anos, sabe que muitas vezes há circunstâncias exógenas que levam os políticos a ter de mudar de opções e prioridades, criando a ideia de que faltam à palavra dada.

Creio que nenhum agente político tem prazer em entrar em contradição com as promessas e com os objectivos anunciados publicamente. A realidade é que muitas vezes condiciona a acção dos políticos. Ainda há dias o “Público” referia que a REFER teve de reduzir o seu plano de investimentos de 800 milhões de euros para 200 milhões de euros. Foi neste quadro que foi adiada a maior parte dos investimentos na rede ferroviária, incluindo os previstos para as Linhas do Douro e do Tâmega.

Poderia haver outras opções? Poderia escapar a esses cortes a electrificação da Linha do Douro até Marco de Canaveses? Talvez, mas também aqui há que privilegiar a rentabilização dos investimentos e não conheço em pormenor os números para fazer comparações desse tipo.

Acreditemos que este cancelamento das obras não vai prolongar-se por muitos anos e que, à primeira oportunidade, a REFER voltará a colocar a requalificação da Linha do Douro no topo das prioridades. Seja qual for o Governo em exercício de funções.


07
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 08:45link do post | comentar | ver comentários (7)

O "Repórter do Marão" denunciava na sua última edição o estado de abandono e de degradação em que se encontra o Castro de Arados, em Alpendorada, classificado como monumento nacional há mais de cem anos, completados precisamente no passado dia 16 de Junho.

Segundo a notícia, não há qualquer identificação do monumento, não há vedação, encontrando-se cercado por pedreiras e à mercê da invasão de veículos todo-o-terreno.

A Direcção Regional de Cultura do Norte lembra que, à luz da lei, a primeira responsabilidade pela limpeza é dos respectivos proprietários, mas não se pode esquecer as obrigações que cabem nomeadamente ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico e à Câmara Municipal. O facto do Castro de Arados estar situado em propriedade privada não pode limitar os marcoenses e a população em geral de conhecerem e usufruírem de um importante monumento nacional, que é um legado da nossa história ancestral. Algumas peças aí encontradas estão à guarda do Museu Nacional de Arqueologia.

Já o malogrado João Belmiro Pinto da Silva, historiador de arte e antigo candidato à câmara pela CDU, chamava a atenção há quase vinte anos para o desrespeito manifestado pela classificação do monumento.

Foi pena o "Repórter do Marão" não ter interpelado o presidente da Câmara sobre o assunto, já que é Manuel Moreira que tutela o pelouro da cultura na autarquia e importa saber o que tem sido feito com vista à preservação e dignificação do Castro de Arados.


06
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 13:45link do post | comentar | ver comentários (2)

De acordo com as informações veiculadas pelo presidente da Câmara, Manuel Moreira, ao "Jornal de Notícias" de hoje, a REFER terá cancelado o processo de concurso da empreitada de requalificação e electrificação da Linha do Douro, entre Caíde e Marco de Canaveses. A confirmar-se esta decisão é um sério revés para os marcoenses.

Compreendo as palavras de revolta de Manuel Moreira e as suas razões de queixa pelo facto da região Norte e particularmente o Tâmega serem os parentes pobres do investimento decidido na capital, mas numa altura de crise económica e financeira como aquela em que vivemos há muito investimento que tem de ser suspenso e adiado. Portugal não pode continuar a endividar-se da forma como o fez até aqui.

Cabe agora às Câmaras e Assembleias Municipais, aos deputados, às estruturas partidárias concelhias e distritais e aos responsáveis da administração desconcentrada do Estado manter em cima da mesa a prioridade deste projecto de electrificação da Linha do Douro, de modo a que, na primeira oportunidade, ele volte a ser uma prioridade do Governo e da REFER.


publicado por José Carlos Pereira, às 08:45link do post | comentar

Na última edição do jornal “A Verdade”, o presidente da Câmara de Marco de Canaveses, Manuel Moreira, dizia já não acreditar que a revisão do PDM produzisse os seus efeitos em 2010. No mês passado ocorreu uma reunião da Comissão de Avaliação e o andamento dos trabalhos terá levado Moreira àquela conclusão.

Ora, o processo de revisão do PDM arrasta-se há largos anos, penalizando os marcoenses e a gestão do território municipal. Entre a agenda da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, o ritmo dos consultores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a pressão colocada pela Câmara Municipal, onde ficam as maiores culpas por estes sucessivos atrasos?

O que sei é que na única Comissão de Avaliação em que participei, em representação da Assembleia Municipal, o Prof. Luís Ramos (UTAD) comprometera-se a apresentar até final de 2009 a primeira proposta do Plano. Foram só as eleições autárquicas a motivar mais este adiamento?


05
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 00:15link do post | comentar

O quinzenário "Repórter do Marão", que tem actualmente sede em Marco de Canaveses, foi distinguido pelo Clube de Jornalistas com o Prémio da Imprensa Regional.

A Direcção do Clube de Jornalistas reconheceu a "qualidade global do seu projecto jornalístico, que inclui presença no online. Sediado em Marco de Canaveses, o seu âmbito informativo ultrapassa largamente o nível local e alarga-se praticamente a todo o norte do país, desde o litoral ao interior transmontano. Publicado ininterruptamente desde há 26 anos, actualmente em formato de revista a cores, o Repórter do Marão, propriedade da Tâmegapress, apresenta um cuidado aspecto gráfico, possui uma dezena de redactores e colaboradores e mais de três dezenas de colunistas, constituindo um bom exemplo da renovação e revalorização da nossa imprensa local e regional, cuja necessidade se afigura cada vez mais urgente nestes tempos chamados de globalização".

Na mesma ocasião, o Clube de Jornalistas premiou o jornalista Miguel Carvalho, da revista "Visão", com o Grande Prémio Gazeta 2009 pelo trabalho “Os segredos do Barro Branco”, centrado no assassinato de Joaquim Ferreira Torres. O troféu Gazeta de Mérito foi atribuído a João Paulo Guerra pelo seu longo e prestigiado percurso profissional. Cavaco Silva entregará os prémios em data a designar.

O prémio atribuído ao "Repórter do Marão, jornal com o qual tenho vindo a colaborar regularmente, prestigia o concelho, os seus jornalistas e proprietários, cabendo aqui uma palavra especial a Jorge Sousa, seu director e um "veterano" destas lides da imprensa regional.

tags:

02
Jul 10
publicado por José Carlos Pereira, às 00:15link do post | comentar | ver comentários (2)

Os avanços e recuos no processo de cobrança das SCUT (auto-estradas sem custo para o utilizador) tem deixado à vista várias incongruências. As medidas destinadas a remediar a factura demasiado pesada com aquelas estradas levantam novos problemas a cada solução avançada. 

Não são apenas o perfil e a qualidade das vias ou o número de nós de entrada e saída que impedem a adopção de um tratamento igual em situações claramente desiguais. As soluções propostas dirigem-se apenas àquelas concessões que foram negociadas no modelo SCUT, o que marca injustiças tremendas face a outras auto-estradas que, negociadas de forma diferente, não têm as mesmas compensações e cria mesmo situações bizarras.

Tinha reflectido nisto quando vi o Governo sugerir isenções a um conjunto de municípios atravessados pelas SCUT, por terem um índice de poder de compra inferior à média nacional (100), e concluí que Marco de Canaveses e outros concelhos em situação igual têm um índice de poder de compra mais baixo que muitos daqueles municípios, mas continuarão a pagar as suas portagens...e sem bufar!

Finalmente, Armindo Abreu e Alberto Santos, presidentes das Câmaras de Amarante e Penafiel, vieram a terreiro verbalizar esta queixa fundamentada. O Governo socorre-se daquilo que tem à mão para colher receitas imprescindíveis e travar o endividamento, mas esta matéria vai queimar as mãos dos governantes.

Como as questões jurídicas e de concessão de auto-estradas são alheias às populações, marcoenses, penafidelenses e amarantinos nunca compreenderão por que razão têm de pagar portagens e outros vizinhos próximos, de Paredes, de Lousada ou de Paços de Ferreira, por exemplo, gozam de um estatuto diferente.


29
Jun 10
publicado por José Carlos Pereira, às 18:55link do post | comentar | ver comentários (16)

O "Jornal de Notícias" de hoje revela que o antigo presidente da Câmara de Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, reclama da autarquia marcoense o pagamento das custas judiciais e dos honorários dos seus advogados relativos ao processo em que foi absolvido dos crimes de corrupção, extorsão, peculato e abuso de poder. No total, a "factura" ascende a cerca de 121.000 euros.

O jornal recorda os casos de Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro em que as respectivas autarquias arcaram com essas despesas. Manuel Moreira aguarda que o Gabinete Jurídico diga se a Câmara de Marco de Canaveses é ou não obrigada a pagar.

Independentemente das questões jurídicas, que, estou certo, dariam pano para mangas, deixo uma pergunta para reflexão: Por que há-de a Câmara pagar uma conta de honorários a uma sociedade de advogados que não foi por si escolhida e cujas condições não negociou?


publicado por José Carlos Pereira, às 00:15link do post | comentar | ver comentários (4)

Na última edição do quinzenário "Repórter do Marão" publiquei um texto sobre a temática da redução do número de municípios e freguesias. Para quem não teve oportunidade de o ler, deixo aqui o artigo na íntegra:

 

"O desafio de escrever sobre a redução do número de municípios e freguesias em Portugal surge num momento de grande oportunidade, em que nos deparamos com os efeitos de uma grave crise financeira e económica à escala global.

Na maior parte dos países europeus assistimos hoje ao esforço dos governos em conter a despesa pública e o endividamento externo e uma das vias primordiais passa por ajustar a organização do Estado de modo a reduzir custos e aumentar a eficácia e a produtividade dos serviços. Beneficiam os cidadãos e o erário público.

No caso concreto de Portugal, as autarquias representam 3,06 % da despesa pública, num total de 2.485 milhões de euros. Um número nada despiciendo e que nos deve fazer pensar muito a sério na organização administrativa do país e na forma de a tornarmos mais útil para o desenvolvimento equilibrado do todo nacional.

No anterior governo socialista, António Costa, que então tutelava a administração local, colocou no centro do debate a necessidade de concentrar esforços e políticas, com uma visão mais integradora do território, defendendo para isso a redução do número de freguesias e municípios. Claro está que a generalidade dos autarcas, atingidos de forma directa por uma medida dessas, se levantou logo contra essa possibilidade. Todavia, os momentos de crise são sempre bons conselheiros e nesta altura vale a pena reflectir na realidade que temos e no que poderíamos melhorar.

Portugal tem 308 municípios e 4.259 freguesias. Quase um terço dos municípios, 92 só no continente, tem menos de 4.000 habitantes, o que sucede sobretudo nos distritos do interior e mais despovoados, designadamente em Portalegre (12 concelhos nessa condição), Beja (10), Évora (9), Bragança (8) e Guarda (8). Entre esses municípios há a registar os casos verdadeiramente extraordinários de Alvito, com 2.723 habitantes, e Barrancos, com 1.767 habitantes, ambos no distrito de Beja. As ilhas têm características próprias.

No que diz respeito às freguesias, há 14 municípios que têm mais de 40 freguesias. Desde o caso extremo de Sabugal, que com apenas 13.769 habitantes tem 40 freguesias, até ao exemplo paradigmático de Barcelos, que conta com 89 freguesias. A Assembleia Municipal de Barcelos tem 179 membros e a de Sabugal tem 81 deputados!

Faz sentido ter quase uma centena de concelhos com menos de 4.000 habitantes? Não faz qualquer sentido em termos de planeamento e desenvolvimento regional e não faz também em termos de gestão dos dinheiros públicos. Uma autarquia de um município tão pequeno, quase sempre o maior empregador local, replica um conjunto de cargos políticos (presidente, vereadores, membros das Assembleias Municipais) e de funções de apoio (chefe de gabinete, adjunto, secretários, assessores) sem que se vislumbre qualquer mais-valia com esta multiplicação.

É evidente que há razões de identidade histórica e geográfica que justificaram a criação desses concelhos, mas o próprio desenvolvimento destes territórios reclama uma esfera de actuação mais alargada para as políticas públicas.

Sou um regionalista convicto e continuo a acreditar que só com as regiões administrativas, mandatadas pelo voto popular, conseguiremos alcançar um desenvolvimento harmonioso. Quem diz que Portugal é um país pequeno e sem diferenças entre o Alto Minho e o Algarve que justifiquem a criação das regiões coloca a tónica no ponto errado.

A criação das regiões administrativas dotará a administração do território de um patamar de decisão superior, acima do poder local municipal e abaixo do poder central nacional, que é indispensável para a condução de políticas transversais, nomeadamente na educação, na saúde, no ambiente, no turismo, nas infra-estruturas, na atracção de investimento, nos transportes e na cultura.

Quem conhece o poder local sabe que um presidente de Câmara, que responde perante os seus eleitores, está pouco à vontade para concertar com os municípios vizinhos a distribuição destes investimentos públicos e por isso é preciso uma instância superior para gerir estas políticas e para negociar de forma integrada com o poder central.

Enquanto não temos a regionalização, as actuais Comunidades Intermunicipais são um pequeno passo nesse esforço de obrigar os autarcas a dialogar e a decidir em conjunto sobre um conjunto de investimentos que servem a região. A falta de mandato popular tem diminuído essas Comunidades e a sua acção tem-se ficado por reivindicações avulsas e pela gestão dos dinheiros do QREN adstritos a cada Comunidade Intermunicipal. É pouco.

No entanto, o acolhimento cada vez mais favorável à regionalização e os exemplos positivos de algumas Comunidades Intermunicipais têm permitido concluir que o papel reservado aos municípios precisa de se ajustar aos novos tempos. Não podemos continuar a duplicar investimentos similares em freguesias contíguas de municípios vizinhos.

Perante isto, o que dizer a quem propõe que se limite os concelhos a um mínimo, por exemplo, de 10.000 habitantes? Responderia que em tese concordo com a ideia, mas que é necessário olhar para o território, para a sua dimensão e especificidade e avaliar caso a caso. Penso, contudo, que há argumentos suficientes para convencer as populações da bondade de uma estratégia agregadora dos municípios mais pequenos e contíguos, formando um espaço com maior dimensão e com uma superior capacidade reivindicativa. Se as populações beneficiarem com isso, adoptam essa orientação e os autarcas terão de a secundar.

Quanto às freguesias, o problema é diferente mas não menos complicado. As Juntas de Freguesia têm vindo a receber competências delegadas por parte dos municípios, mas, na sua esmagadora maioria, continuam sem reunir as competências técnicas e os meios necessários para levar a bom porto a ambição de assegurar a gestão de proximidade dessas comunidades, dentro do quadro de autonomia administrativa e financeira conferida pela Lei.

A realidade das freguesias é muito distinta se falarmos de um espaço urbano muito povoado ou de uma pequena freguesia rural. Nada há de comum, de facto, entre Paranhos, no Porto, ou Rosém, em Marco de Canaveses, para citar duas realidades que me são próximas.

A arquitectura autárquica que coloca os presidentes de Junta de Freguesia como membros por inerência da Assembleia Municipal tem sido uma entorse no funcionamento dos órgãos deliberativos. Num município com um número significativo de freguesias, o seu peso distorce o equilíbrio de forças na Assembleia Municipal. Parte interessada de muitas votações – contas, orçamentos, protocolos, transferências, subsídios, etc. – os presidentes de Junta de Freguesia não são verdadeiramente livres enquanto deputados municipais. E muitos presidentes de Câmara sabem bem como tirar partido disso…

Algumas experiências incipientes de associações de freguesias demonstram como essas autarquias percebem as vantagens da união para obter uma escala maior e rentabilizar determinados investimentos. Estou certo que, tal como nos municípios, o caminho passa por limitar a pulverização do território e procurar aumentar a massa crítica com um novo desenho do mapa autárquico."


14
Jun 10
publicado por José Carlos Pereira, às 08:45link do post | comentar | ver comentários (10)

Há políticos que se evidenciam por pegarem em pequenos episódios do quotidiano e fazerem disso "grandes" factos políticos. Para esses actores qualquer tema serve desde que permita fazer algum show-off, seja um comunicado para a imprensa, uma notícia ou crónica de jornal, que logo se apaga na espuma dos dias. Se isso puder satisfazer os interesses de algum grupo de pressão tanto melhor. Já por aqui escrevi que Artur Melo, vereador e presidente da concelhia do PS/Marco, cai demasiadas vezes nesse pecadilho.

Na última edição do jornal "A Verdade", Artur Melo aproveita a onda de descontentamento da secção de futsal do FC Alpendorada com a Câmara Municipal e amplifica as queixas dos respectivos dirigentes num artigo de opinião. Melo considera que os 60.000 euros por ano que Câmara entrega ao FC Alpendorada não são suficientes para apoiar a competição e a formação do futsal naquele clube. O vereador socialista critica, nomeadamente, o facto da Câmara ter deixado de pagar 200 euros por mês para arrendar o espaço destinado para as escolas de formação. No limite, isso acaba por limitar a possibilidade de Artur Melo continuar a sentir a "felicidade desportiva" que o futsal lhe proporciona!

Não duvido que a Câmara concede alguns apoios de duvidoso retorno e que muitas actividades deveriam subsistir por si e não penduradas nos apoios da autarquia. Já o escrevi. Neste caso concreto, contudo, a Câmara não pode imiscuir-se na forma como os dirigentes do FC Alpendorada decidem distribuir os dinheiros pelas diferentes modalidades. Se a secção de futsal quer competir no escalão mais elevado a nível nacional terá de se preparar para isso e recolher os apoios necessários. Se a formação precisa de 200 euros por mês para dispor de instalações de treino, será assim tão difícil obtê-los? Melo diz que custava 1,74 euros/mês por cada jovem. Os pais das crianças não poderiam disponibilizar essa verba? Seria pedir demais?

Recordo-me do tempo em que, nos meus 17 ou 18 anos, jogava futebol de salão, sem clubes federados, e tínhamos de pagar inscrições nos torneios, custear as deslocações e suportar as despesas necessárias. Nessa altura ninguém se lembrava de pedir uns trocos à Câmara. Nem havia vereadores a fazer disso um cavalo de batalha...


13
Jun 10
publicado por José Carlos Pereira, às 13:30link do post | comentar

O "Repórter do Marão" anuncia na sua última edição que a artista plástica marcoense Isabel Ribas tem patente ao público, na Casa da Cultura e Juventude de Amarante, a exposição "Semente da terra", que pode ser visitada até ao próximo dia 10 de Julho.

Natural de Ariz, Isabel Ribas vive em Amarante e aí mantém o atelier "Corredor e Companhia". 


pesquisar neste blog
 
blogs SAPO