Olhares descomprometidos, mas interessados, sobre o Marco de Canaveses. Pontos de vista muitas vezes discordantes, excepto no que é essencial. E quando o essencial está em causa, é difícil assobiar para o lado.
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Ago 10
publicado por João Monteiro Lima, às 00:05link do post | comentar | ver comentários (2)

O nosso leitor Emanuel Moreira enviou-nos para publicação o texto que se transcreve na integra:

 

 

No desporto, Construir ou Cultivar 

 

Decorria Agosto de 2006, quando a nossa terra, Marco de Canaveses, foi presenteada com a publicação e distribuição do exemplar n.º 1 de “Marco de Canaveses – Revista Municipal”. Naquela, páginas coloridas decoravam momentos de celebração e pavoneio.

Na página n.º 10, podemos ler que havia tomado posse o Conselho Municipal do Desporto em 08 de Abril de 2006, o qual de entre outras apresentava como competência a “definição e elaboração da Carta Desportiva Municipal”, assim como “incentivar a prática desportiva sobretudo entre as camadas jovens”.

Decorridos quatro anos, não dias, semanas ou meses, mas sim quatro anos, temos???

Temos construções sem portas de esperança nem janelas de oportunidade, para os jovens naturais e residentes em Marco de Canaveses.

O construtor empenha-se no projecto e edificação de grandes obras. Orgulha-se com o seu crescimento e celebra a sua conclusão, cruzando os braços admirar o que acaba de conseguir. Seguidamente vira costas e parte para nova construção ainda mais vistosa, deixando a que acabara a degradar-se com o tempo.

O lavrador conhece a terra, os melhores momentos para a sementeira e todo o processo para a ver frutificar. Empenha-se na escolha da melhor semente, no seu lançamento à terra, cuida e prepara cada instante do seu crescimento, não permite que algo lhe falte enquanto cresce. Celebra cada passo até à frutificação. Em momento algum cruza os braços. Em momento algum vira as costas e parte para nova sementeira. Antes pelo contrário, colhe o fruto do seu empenho e prepara nova sementeira, escolhendo novamente as melhores sementes.

As Associações Desportivas sedeadas em Marco de Canaveses necessitam de lavradores e não de construtores, pois estes já tiveram a sua oportunidade e deixaram ruir grandiosas obras que haviam construído.

Na época desportiva 2009/2010, finda a 30 de Junho, queimaram-se sensivelmente 168.000,00 (cento e sessenta e oito mil euros) em oito Associações Desportivas para jogar futebol federado. Frutos de tal queimada?

Enterram-se sensivelmente 45.000,00 (quarenta e cinco mil euros) em cinco Associações Desportivas para jogar futsal federado. Colheita de tal enterro?

Onde estão os escalões de formação nas cerca de quinze Associações Desportivas financeiramente subsidiadas pelo Município em sensivelmente 260.000,00 (duzentos e sessenta mil euros) anuais? Qual a discriminação positiva para com as que os têm? Onde encaixam as Associações Desportivas que não podendo jogar federadas, também lutam pela sobrevivência no Concelho?

Onde está  o projecto? Onde está a sementeira? O entendimento entre Associações Desportivas Marcoenses? A conjugação de esforços para a valorização das Associações Desportivas Marcoenses e por consequência do desporto concelhio?

Não temos colheitas, pois nada foi semeado! Em Marco de Canaveses apenas se constrói, pouco e mal, no que diz respeito a desporto.

MAS HÁ ALGO!

Temos “Marco de Canaveses – Revista Municipal” #3 – Abril de 2009, páginas 5, “…É isto que queremos para o Marco de Canaveses, reafirmando assim a aposta da actual Câmara Municipal no desporto para todos, com principal incidência na formação desportiva das camadas jovens, para uma cultura desportiva na nossa terra…” (citando o discurso do Ex.mo Sr. Presidente da Câmara aquando da visita de sua Excelência, o Ex.mo Sr. Presidente da República a Marco de Canaveses).

Temos “Marco de Canaveses – Revista Municipal” #4 – Setembro de 2009, página 27, “Desporto para todos no Marco de Canaveses”, fotografias de acontecimentos desportivos pontuais. Trabalho pontual para colheitas imediatas pois a imagem venderá!

Temos um regulamento de apoio ao associativismo aprovado em assembleia municipal e publicado em Diário da República, desajustado da realidade actual pois no seu artigo 12.º, n.º 1, alínea b) estabelece que as candidaturas aos demais programas naquele estabelecidos devem ser entregues até 30 de Junho para as associações que se rejam por temporadas, obrigando algumas associações a formalizar candidaturas para uma nova temporada com a actual ainda em curso, como se isto fosse possível.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (www.ine.pt), Marco de Canaveses no ano de 2009, apresenta 10.013 jovens com idades até aos 14 anos, 7.640 jovens com idades entre os 15 e os 24 anos. Onde estão? O que fazem? Quais os projectos Associativos Desportivos onde se inserem?

Continuo a perguntar, onde está o projecto que justifique o investimento do dinheiro de todos nós em prol de alguns? Onde está a badalada Carta Desportiva Municipal enunciada em Abril de 2006 que dê respostas a TODAS as Associações Desportivas Marcoenses?

Não esqueçamos que o passado é um dia de desempenho no futuro!

Deixem-se de construções e passemos ao cultivo!


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